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Em encontro no Instituto PACS, mulheres de oito países da América-Latina trocam experiências de enfrentamento à militarização e a megaprojetos de desenvolvimento

Ser defensor de direitos humanos em países latino-americanos é uma atividade de alto risco. Segundo o balanço anual da organização Global Witness, divulgado na terça (30), dos 10 países que mais mataram ativistas socioambientais em 2018, cinco estão na Região: Brasil, Colômbia, Guatemala, México e Honduras. O Brasil ocupa a quarta posição do ranking.

E se ser um defensor de direitos é perigoso, ser uma defensora é ainda mais. Este foi o tema do encontro promovido no dia 10 pelo Instituto PACS em parceria com a Front Line Defenders, organização irlandesa de proteção de ativistas sob risco.

A reunião integrou a programação de uma grande atividade realizada pela Front Line, no Rio, que teve como objetivo traçar caminhos para compreender e enfrentar o problema da difamação de defensoras de direitos humanos, no contexto político de ascensão conservadora dentro e fora das mídias digitais.

Na sede do Instituto PACS, estiveram aproximadamente 30 mulheres ativistas e defensoras, representando experiências de enfrentamento aos megaprojetos e à militarização – e às frequentes combinações de ambos – em países como Bolívia, Chile, Nicarágua, Guatemala, Honduras, El Salvador, México e Brasil.

Na ocasião, a atuação do Pacs no Brasil e na América Latina foi apresentada pela coordenadora Marina Praça e a vice-presidenta da instituição, Sandra Quintela, fez uma análise de conjuntura da Região. A comunicadora popular e sócia do Pacs Gizele Martins falou de sua experiência frente à militarização nas favelas, principalmente, no Complexo da Maré onde vive.

As mulheres da Zona Oeste do Rio falaram de algumas de suas estratégias de resistência e sobrevivência, entre elas a produção da cartografia “Militiva”, que redesenhou o mapa da região apontando violações de direitos, e também práticas para enfrentá-las. A maioria das iniciativas envolve olhares feministas, agroecologia (no mar e na terra), agricultura urbana, arte, educação popular, afirmação de identidades e atividades culturais. Militiva foi uma palavra criada pelas mulheres a partir da junção de “militância” e “investigativa”, na intenção de nomear o esforço deste grupo de produzir conhecimento, de forma coletiva, a partir de suas vivências.

O encontro terminou com uma homenagem à Marielle Franco, na qual foram distribuídas placas de sinalização com o nome da vereadora.