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Impactos da siderurgia são tema de ação educativa do PACS com estudantes do Colégio Pedro II, em Realengo, no Rio

O modelo de desenvolvimento voltado exclusivamente para acumulação, a cadeia produtiva da siderurgia e da mineração, além dos diferentes impactos socioambientais da atuação de empresas e de megaprojetos nos territórios, foram alguns dos assuntos levantados pela equipe do Instituto Pacs, no último sábado (3), na palestra para alunos do ensino médio do Colégio Pedro II – Campus Realengo. A discussão contou com a presença do Coletivo Martha Trindade, formado por jovens que lutam contra a atuação da siderúrgica Ternium Brasil (antiga TKCSA), no bairro de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio.

Na atividade, os estudantes conheceram o “Dragão de Aço”, um jogo de tabuleiro que trata justamente das questões debatidas no encontro, com uma metodologia voltada para crianças e adolescentes. Criado em 2017, o material foi elaborado com base na pesquisa Quintais e Usinas, que traz um panorama das violações causadas pela produção de aço em âmbito nacional.

Por se localizar na mesma região que o colégio – a Zona Oeste da cidade -, um dos temas principais foi a atuação da Ternium e seu longo histórico de violações de direitos e impactos socioambientais em Santa Cruz. A empresa, que pertencia a um grupo alemão, hoje faz parte de um conglomerado ítalo-argentino, após a venda em 2017. Considerada a maior da América Latina, a siderúrgica possui capacidade de produzir 5 milhões de toneladas de aço por ano.

Em março deste ano, numa ação em parceria com movimentos sociais, organizações da sociedade civil e parlamentares no Dia Mundial da Água, o Instituto Pacs denunciou o uso de 1,5 bilhão de litros de água por dia pela empresa, o que seria capaz de abastecer toda a cidade do Rio de Janeiro. Os impactos para os moradores são, além da falta d’água, a poluição da Baía de Sepetiba e do Canal de São Fernando, com prejuízos para o trabalho e para as formas de vida de pescadores/as e marisqueiras da região.

A siderúrgica é responsável ainda pela contaminação do ar, que em graus extremos  produz um fenômeno conhecido como  “chuva de prata”. Por isso, a Ternium é acusada de elevar em 76% as emissões de COna cidade do Rio de Janeiro, ultrapassando a margem recomendada pela Organização Mundial da Saúde para qualidade do ar. O dado vem do monitoramento feito em 2017 pelo projeto Vigilância Popular em Saúde, parceria entre a Fiocruz, o Instituto Pacs e a Rede Justiça nos Trilhos. As três instituições prepararam jovens moradores de Santa Cruz para fazerem medições de material particulado suspenso. A experiência foi compartilhada com os alunos do Colégio Pedro II por Jamilly Carmo e Wanessa Afonso, do Coletivo Martha Trindade, que participaram do projeto. As jovens também falaram de outras consequências da presença da siderúrgica como doenças de pele, respiratórias e psicológicas, além de enchentes e desabamentos na região.

Saiba mais sobre os impactos socioambientais e as violações de direitos da Ternium Brasil (TKCSA) através do site: https://pareternium.org/