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Instituto Pacs realiza atividades no Maranhão em parceria com a Justiça nos Trilhos

Entre os dias 18 e 21 de maio, o Instituto Pacs esteve presente em Açailândia participando de uma agenda de atividades em conjunto com a Justiça nos Trilhos, organização que atua denunciando violações de direitos humanos e ambientais que impactam comunidades do Corredor Carajás, conjunto de territórios cortados pela ferrovia da Vale S/A. O município, além de ser impactado pela mineradora, também sofre com as monoculturas de soja e eucalipto, com as atividades de empresas produtoras de ferro-gusa e das fábricas de cimento.

Compartilhando metodologias

No dia 19/05, as organizações se reuniram pela manhã no escritório da JnT para um intercâmbio sobre metodologias. Na ocasião, o Instituto Pacs apresentou a cartilha Metodologias, publicação que tem como objetivo contribuir no campo das lutas populares, para o enfrentamento dos projetos de morte e pela defesa da vida em diferentes escalas, lugares e territórios. Durante o intercâmbio, as organizações puderam trocar sobre suas experiências em educação popular a partir de seus trabalhos junto a mulheres e juventudes atingidas por megaprojetos de desenvolvimento.


Instituto Pacs se reúne com a Justiça nos Trilhos na sede da organização. | Foto: Justiça nos Trilhos

Lançamento territorial das publicações Mulheres Atingidas e Teias de Luta

Na tarde do dia 19/05, mais de 40 pessoas estiveram reunidas no Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán (CDVDH/CB) para o lançamento territorial das publicações “Mulheres Atingidas, territórios atravessados por megaprojetos” e “Teias de Luta: narrativas feministas em resistência aos megaprojetos”.

O encontro reuniu moradoras e moradores de comunidades atingidas por megaprojetos, como Piquiá de Baixo, o Assentamento Francisco Romão e outros territórios de Açailândia. Participaram também professores universitários que integram grupos de pesquisas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade do Norte do Tocantins (UFNT), Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL) Campus de Imperatriz e Açailândia, além de estudantes, movimentos sociais e entidades da sociedade civil, religiosos(as) e do Centro de Defesa.

Lançamento dos livros Mulheres Atingidas e Teias de Luta no CDVDH/CB. | Foto: Justiça nos Trilhos

As publicações, que têm como foco visibilizar os conflitos socioambientais e os impactos diferenciados sentidos e vividos pelas mulheres, principalmente em contextos de atuação de megaprojetos, trazem, dentre outros territórios, o caso de Açailândia. As pesquisas, produções e lançamentos dos livros fazem parte da  “Campanha Mulheres Territórios de Luta”, que tem o intuito de trazer o caminho das lutas e práticas de resistências desde os corpos das mulheres. Um processo que, nesse mês de maio, completou três anos e que foi construído e segue vivo a partir da articulação com companheiras de coletivos e comunidades atingidas.

“Os feminismos que a gente constrói incluem todas as lutas, a diversidade que nós estamos inseridas. A gente vive uma conjuntura muito dura. A gente vive em um governo de perseguição e criminalização da organização social. A gente tenta construir feminismos a partir das realidades de mulheres não brancas, mulheres racializadas, e que veja os homens também como possíveis aliados”, ressaltou Yasmin Bitencourt, do Instituto PACS, na matéria publicada pela JnT.

Para Larissa Santos, integrante da Justiça nos Trilhos e uma das autoras do livro “Teias de Luta”, os materiais têm grande importância para a visibilização das lutas contra as violações causadas por esses megaprojetos: “Eu acho que os livros que a gente tá divulgando trazem essas experiências que a JnT realiza e tem realizado nos últimos anos ao longo do Corredor Carajás com as mulheres atingidas pela mineração. É um processo de reconhecimento dos nossos direitos. Eu também me reconheci como mulher maranhense e mulher negra afetada pela Vale e pelo agronegócio.”

Nos processos de denúncia das violações, entender o que são os megaprojetos e como essas empresas atuam nos territórios é fundamental, como pontuou Ana Luisa Queiroz, do Instituto PACS: “Nosso trabalho de pesquisa sobre a atuação desses megaprojetos é para entender como as violações acontecem e seguir próximo dos territórios denunciando essas mesmas violações de direitos humanos e ambientais cometidas pelas empresas. Ao mesmo tempo, seguimos fortalecendo as alternativas a esses projetos que se constroem em defesa da vida, e de maneira crítica ao modelo de desenvolvimento capitalista, racista, patriarcal e LGBTfóbico.”

Resgate de experiências entre as mulheres de Piquiá de Baixo

Sede do Clube de Mães em Piquiá de Baixo, Açailândia. | Foto: Justiça nos Trilhos

No dia 20/05, cerca de 30 mulheres estiveram reunidas no Clube de Mães com o Instituto PACS e a JnT em Piquiá de Baixo, um dos bairros impactados pelos megaprojetos de Açailândia. Em roda, as mulheres resgataram as histórias, lutas e experiências do grupo. No encontro também foi apresentada a publicação “Mulheres-territórios: Mapeando conflitos, afetos e resistências”, que traz um capítulo sobre o território e as resistências ali presentes, também foi apresentada pelo PACS. Durante a tarde, o Instituto caminhou pelo bairro junto aos moradores e moradoras, além de também realizar uma visita à Piquiá da Conquista, local onde está sendo construído o reassentamento de algumas famílias atingidas pela Vale S/A.

Piquiá da Conquista. | Foto: Instituto Pacs

A Casa das Mulheres-Semente no Assentamento Francisco Romão

No dia 21/05, foi a vez de visitar o Assentamento Francisco Romão para conhecer a Casa das Mulheres-Semente (iniciativa apoiada pelo PACS em 2021), voltada ao acolhimento de mulheres em situação de violência. A casa, que foi pensada e reformada pelas mulheres e atualmente é também ponto de assistência psicológica e clínica, com atendimentos às mulheres e pessoas da comunidade, em função da ausência de infraestrutura de saúde na região. Uma oficina para pensar o futuro da Casa Semente também foi realizada na ocasião, visando principalmente a construção de uma horta comunitária no local.

Casa Semente, Assentamento Frasncisco Romão. | Foto: Justiça nos Trilhos

I Sarau pela Diversidade de Açailândia

Durante a noite do dia 21/05, o Instituto PACS também esteve presente no I Sarau pela Diversidade de Açailândia, construído pelo coletivo LGBTQIAP+ da região, para celebrar o Dia Mundial de Combate à LGBTfobia. O evento, realizado na Praça do Pioneiro com o apoio de artistas locais, contou com apresentações de música, dança, poesia, arte e reflexões coletivas sobre o futuro.

I Sarau pela Diversidade de Açailândia. | Foto: Instituto Pacs