“Esquecer? Nunca Mais!”: livro sobre a luta da família Arruda contra a ditadura é lançado no Rio de Janeiro e em São Paulo
O livro “Esquecer? Nunca Mais! – A saga de meu filho Marcos Arruda”, escrito por Lina Penna Sattamini, ganhou uma segunda edição, com textos inéditos. Em julho, foram realizados eventos de lançamento no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP), com mesas de debate compostas por ex-presos políticos, acadêmicos, militantes e familiares de Lina e Marcos, que compartilharam as suas histórias de vida e de luta e conduziram discussões profundas sobre a ditadura empresarial, civil e militar no Brasil, os seus impactos e a importância da luta por memória e reparação.
Publicado pela editora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o livro narra a jornada de Lina em busca de seu filho, o geólogo, economista, educador popular, escritor, poeta e militante Marcos Arruda, que foi preso, torturado e exilado durante a ditadura. A nova edição também tem textos de especialistas como o próprio Marcos Arruda e o professor e historiador da Brown University, nos Estados Unidos, James Green, que fez a organização do livro junto com Marcos. Também há textos da professora Kathy Swart, que é companheira de Marcos; e do escritor, trabalhador social e educador popular Frei Betto, contemporâneo de Marcos na luta contra a ditadura.

Depois que voltou do exílio, Marcos fundou o Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs), o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), a Rede Jubileu Sul Brasil e outras organizações que continuam atuando em defesa dos direitos humanos até hoje.
O Instituto Pacs apoiou a realização dos eventos no Rio de Janeiro e em São Paulo e sua equipe esteve presente em todos eles. “Fazer esse lançamento e visibilizar esse tema agora é muito importante, porque a gente sabe que um novo golpe seria nefasto para a democracia do país. Para nós, é uma grande honra poder participar desse momento histórico”, afirma a coordenadora institucional do Pacs, Aline Lima.
O primeiro evento aconteceu no dia 7 de julho, na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro (RJ). Na mesa, estavam James Green, Marcos Arruda, Marlene Soccas, Vera Vital Brasil e Paulo Abrão. Marlene é dentista e Vera é psicóloga, ambas atuaram na luta contra a ditadura e também foram presas e torturadas. Hoje, elas atuam na luta por verdade, memória, justiça e reparação. Paulo é jurista, professor, ativista e já atuou como presidente da Comissão de Anistia, secretário nacional de Justiça e secretário da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Confira aqui o trecho de sua fala em que homenageia e agradece a resistência inspiradora de Marcos e de sua geração.








O segundo evento de lançamento no Rio de Janeiro (RJ) foi no dia 8 de julho, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Na ocasião, também compuseram a mesa James Green, Marcos Arruda e Marlene Soccas, além de duas irmãs de Marcos: Marta e Mônica Arruda, que fizeram a leitura de cartas presentes no livro. Neste dia, o evento foi gravado e está disponível na íntegra, no YouTube. Clique aqui para assistir.
Marcos e Marlene fizeram questão de contar como foram presos e as torturas a que foram submetidos. “Eu quero detalhar, não para vocês terem pena de mim, porque tudo que eu fiz e tudo que eu passei foi uma decisão minha, de dar a minha vida pela luta do povo brasileiro, mas sim porque eles vão usar novamente essa tática, se derem novos golpes, e um povo consciente e organizado derruba ditaduras”, afirmou Marlene.
Para Marcos, este foi um momento muito tocante e importante para “fazer com que a denúncia seja uma forma de punição dos militares, no mundo e no Brasil da impunidade”. “Cada palavra que a gente diz aqui tem essa força e pretende ter essa força, porque eles têm que ser punidos, mesmo que seja a posteriori, depois que morreram. A verdade sobre eles tem que aparecer”, defendeu Marcos.
Para a coordenadora do Pacs, Aline Lima, “ouvir a história da prisão e da tortura deles foi um momento de dor, por reviver esses momentos com companheiros tão queridos”, mas também “um grande alerta, para que essa memória não seja esquecida e para que nunca mais aconteça”.





James Green, Marcos Arruda e Marlene Soccas também participaram dos eventos de lançamento em São Paulo (SP). No dia 10 de julho, na Biblioteca Mário de Andrade, também houve a participação de José Pedro da Silva e Fernanda Maia. José Pedro é ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região e figura central nas lutas operárias durante a ditadura. Fernanda é diretora musical, dramaturga e roteirista e está trabalhando em uma ópera baseada no livro. Neste dia, o evento também foi gravado e está disponível na íntegra, no YouTube. Clique aqui para assistir.






No dia 11 de julho, na Drummond Livraria, no Conjunto Nacional, também houve a participação de James, Marcos, Marlene, José Pedro e Fernanda, além de Frei Betto, que definiu o livro como “realmente impactante”. Para a coordenadora administrativo-financeira e integrante da coletiva de gestão do Pacs, Geane Tavares, “foram momentos emocionantes e muito importantes para que essa história jamais seja esquecida”.


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