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Encontro em Recife reúne feministas para discutir estratégias de enfrentamento aos fundamentalismos religiosos

Como os fundamentalismos religiosos impactam a vida das mulheres? De que forma podemos construir a defesa de direitos e o respeito à diversidade?

Essas perguntas orientaram o II Encontro sobre Estratégias para a Igualdade de Gênero no Enfrentamento aos Fundamentalismos Religiosos e em Defesa da Democracia, que reuniu instituições financiadas por Pão Para o Mundo (PPM) na América Latina e Caribe entre os dias 12 e 14 de setembro de 2023, em Recife (PE).

Integrando este grupo, a coordenadora institucional do Pacs, Aline Lima, e a assessora político-pedagógica Yasmin Bitencourt somaram-se a outras trinta representantes de organizações feministas e organizações baseadas na fé para um intercâmbio de experiências no contexto regional latino-americano.

O encontro aconteceu como continuidade de um processo iniciado em 2019, quando uma primeira reunião aconteceu na cidade de Lima, capital do Peru. Desde então, estas organizações têm constituído uma rede de diálogos, articulações e ações de enfrentamento à intolerância religiosa e pelos direitos das mulheres e meninas.

Neste segundo encontro, os debates tiveram como objetivo compreender as estratégias e os desafios no combate ao racismo religioso e à violência que atinge a vida das mulheres, sobretudo no tocante aos seus direitos sexuais e reprodutivos, ultrajados por discursos de cunho religioso, moral e cultural frequentemente mobilizados pelo campo fundamentalista.

São muitos os casos de violações de direitos em cenários de criminalização do aborto, casamentos forçados de meninas e naturalização da violência sexual.

Ações como a Campanha Tire os Fundamentalismos do Caminho: Pela Vida das Mulheres, lançada em 2020, foram construídas na perspectiva de estabelecer respostas de comunicação capazes de dialogar especialmente com as populações, territórios e comunidades indígenas, quilombolas e de terreiro afetadas pela ocupação de igrejas e líderes fundamentalistas.

Nesse sentido, abordou-se também como esses grupos se organizam e debatem sobre suas defesas e estratégias históricas que vêm permitindo a existência das suas manifestações de espiritualidade ao longo de séculos de discriminação. 

Durante a semana, foi realizada a Ação Cultural Feminismos e Lutas Em Comum – Visões desde o Sul Global, na sede da SOS Corpo, em um intercâmbio aberto ao público sobre as lutas, os enfrentamentos e resistências desde os territórios em luta contra o racismo, o capital e o patriarcado.

Por marco de início, na primeira reunião em 2019, este coletivo denominou-se por Grupo Mulheres de Lima e segue pensando a continuidade dessa articulação, com novas ações e também a inclusão de outras organizações e movimentos. O grupo reúne representantes de diversos países além do Brasil, como México, Guatemala, El Salvador, Peru, Colômbia, Paraguai, Argentina, Moçambique e Alemanha.

Construíram o encontro o Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS), SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, Servicio Evangélico de Diaconía (SEDI), Centro de la Mujer Peruana Flora Tristán, Fundação Luterana de Diaconia (FLD), Conselho Nacional de Igrejas (Conic), Colômbia Diversa e Pão Para o Mundo (PPM).

Fotos: Fran Ribeiro/SOS Corpo