Instituto Pacs participa da 1º Global School promovida pela EarthRights International, Center for Transnational Environmental Accountability e Advocates for Community Alternatives
O Instituto Pacs participou, entre os dias 4 e 17 de dezembro de 2022, da primeira Global School, realizada pelas organizações EarthRights International, Center for Transnational Environmental Accountability e Advocates for Community Alternatives . A iniciativa buscou promover um espaço de aprendizado coletivo, compartilhamento de saberes e de articulação entre defensores e defensoras de direitos humanos e ambientais da África, América Latina e Ásia. O encontro foi realizado em Chiang Mai, na Tailândia, e contou com a participação de mais de 20 representantes de comunidades e organizações da sociedade civil que lutam pela garantia de direitos socioambientais. Dentre as convidadas, estava Ana Luisa Queiroz, representando o Pacs.
As instituições provedoras da Global School são organizações não governamentais e sem fins lucrativos que atuam na defesa dos direitos humanos e ambientais, por meio de medidas legais, e na promoção de treinamentos junto a ativistas e comunidades, contra as violações cometidas por grandes corporações, governos e instituições financeiras.
Durante duas semanas, os participantes puderam aprender novas metodologias de mapeamento de atores, incidência sobre investimentos chineses, construção de estratégias legais e de campanha. Os conteúdos puderam ser exercitados através do trabalho em grupo, onde os participantes se dividiram na análise de cinco casos concretos de instalação e operação de megaprojetos de desenvolvimento que atingem diretamente comunidades reais, representadas entre os ativistas presentes no encontro.
Ao longo da formação, alguns participantes também trouxeram casos de suas comunidades ou onde atuam. Nessa oportunidade, apresentamos o caso da siderúrgica Ternium Brasil no Rio de Janeiro, compartilhando a experiência do Pacs na assessoria de moradores do bairro de Santa Cruz, na luta por justiça e reparação sobre as violações promovidas pela empresa. Durante a apresentação, Ana Luisa também compartilhou sobre a experiência de Vigilância Popular em Saúde, feita em parceria junto a Fiocruz, jovens de Santa Cruz e o Instituto.
“Foi muito valioso ter a oportunidade de partilhar sobre essa que tem sido uma batalha histórica dos moradores e moradoras de Santa Cruz e também do Pacs. Para além dos conteúdos gerais, foi muito proveitoso poder contar com novos olhares para o caso, colher ideias e semear parcerias futuras”, partilhou Ana Luisa.
Ao longo da formação, os ativistas tiveram ainda a oportunidade de fazer uma viagem de campo para conhecer o rio Mekong e conversar com Niwat RoyKaew (“Kru Thi”), fundador da Mekong River School, que recebeu o Prêmio Ambiental Goldman no ano de 2022. A escola promove formações de defensores e defensoras do rio Mekong, historicamente assediado por diferentes tipos de empreendimentos, sobretudo barragens para alimentação de hidrelétricas. Os empreendimentos colocam em risco o curso das águas e a biodiversidade, base para a alimentação, empregos e tradições de centenas de milhões de pessoas que vivem no Sudeste Asiático.
Para a coordenadora de projetos do Instituto Pacs, a visita à Mekong School foi um dos pontos altos da Escola: “A partir dessa experiência de resistência pudemos dialogar sobre metodologias poderosas de mobilização e pesquisa popular. Navegando pelo Mekong, me lembrei do Xingu, de Altamira e Belo Monte. Ouvindo os relatos de Kru Thi e de Pai, companheira da International Rivers, a distância entre nossos países parecia ficção tamanha a proximidade de nossas lutas”, contou.
