Marcha das Mulheres Negras do Rio leva centenas de pessoas às ruas para denunciar racismo e machismo e reivindicar políticas públicas
A XI Marcha das Mulheres Negras do Rio de Janeiro reuniu centenas de pessoas na orla de Copacabana, no último dia 27 de julho, para denunciar as múltiplas opressões a que estão submetidas as mulheres negras – em especial a violência de Estado, que vitimiza sobretudo crianças, jovens e mulheres negras e das periferias – e reivindicar reparação e políticas públicas para garantir acesso a direitos fundamentais, como saúde integral e educação, e para promover o bem viver e a valorização dos saberes e da cultura afro-brasileira. Estavam presentes movimentos sociais, coletivos e organizações de diversas regiões do estado – incluindo o Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs).

“Estamos nos pondo em AFROntamento ao racismo, ao sexismo, ao machismo, ao capacitismo, a lesbofobia, a bifobia, a transfobia e aos muitos impactos violentos que recaem sobre as nossas vidas, nos negando acesso aos direitos, insistindo em nos deixar na invisibilidade, na subalternidade e sem representatividade”, diz o manifesto da Marcha.

A mobilização acontece anualmente e encerra o Julho das Pretas, uma agenda coletiva, que envolve dezenas de atividades, realizadas durante todo o mês de julho, que é marcado por algumas datas importantes. No dia 25, é comemorado internacionalmente o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e, no Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. No dia 27, comemora-se o aniversário de Marielle Franco, vereadora e liderança na luta pelos direitos das favelas e das mulheres negras, que foi brutalmente assassinada, no centro do Rio de Janeiro, em 2018, por enfrentar os interesses da milícia e da extrema direita.
A assessora político-pedagógica do Pacs, Thais Matos, conta que neste ano “a Marcha teve um tom especial”, porque fez parte das atividades de mobilização para a II Marcha Nacional das Mulheres Negras, que será realizada em Brasília, em novembro deste ano, depois de 10 anos da sua primeira edição, em 2015. O Instituto Pacs está participando da articulação e mobilização para a Marcha Nacional e também estará presente na atividade.
Para Thais, “essa articulação fortalece o enfrentamento ao avanço da extrema direita” e evidencia que “as mulheres negras seguem demandando políticas públicas e a plenitude de direitos, diante da constatação de que, apesar de terem conquistado avanços significativos, ainda são o grupo mais impactado pelo subemprego e pela violência”.